Nível de mercúrio no pirarucu do PAE Tapará está dentro do limite permitido para consumo
De acordo com os resultados apresentados, a concentração média de mercúrio foi 0,19 mg/kg. Foram analisadas 62 amostras de pirarucu oriundas do Projeto de Assentamento Extrativista (PAE) Tapará.
Pirarucu da comunidade de Pixuna do Tapará, várzea de Santarém
Pesquisadores do Instituto de Ciências da Educação, a convite da Conservação Internacional (CI) do Brasil, realizaram em 2022, estudo sobre o nível de contaminação por mercúrio (Hg) em pirarucus (arapaima gigas). A princípio, o objetivo era mapear esses peixes nos lagos e igarapés de áreas de Projetos de Assentamento Extrativistas (PAE), localizados no baixo amazonas, em função da realização do manejo do pirarucu: PAE Tapará e Aritapera (Santarém), PAE Atumã e Salvação (Alenquer).
O contato inicial foi feito com os 4 PAE, no entanto, só foi possível dar andamento na pesquisa no PAE Tapará. A articulação com as lideranças comunitárias, representantes da Colônia de Pescadores Z-20 e a Coordenação de Projetos da CI Brasil teve um papel essencial na execução da pesquisa.
No Iced, os pesquisadores que realizaram o estudo foram o professor doutor Luis Reginaldo Ribeiro Rodrigues, o professor doutor Ricardo Bezerra de Oliveira e a técnica de laboratório mestre Deise Juliane dos Anjos de Sousa.
Foram também coletadas amostras de peixes que integram a alimentação do pirarucu, de águas e sedimentos dos lagos Purus, Pixuna e Carepaua.
Foram analisadas 62 pirarucus, variando a concentração de mercúrio entre 0,04 mg/kg e 0,43. O limite de mercúrio estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) como seguro para consumo nos peixes é de 1,00 mg/kg, ou seja, os níveis de mercúrio apresentados nos pirarucus da PAE Tapará estão abaixo da concentração máxima permitida. A concentração de mercúrio presente nas amostras dos peixes que fazem parte da dieta do pirarucu, das águas e dos sedimentos dos lagos também deu abaixo dos limites estipulados pela legislação brasileira.
Os resultados são, especialmente, relevantes no cenário de desinformação que vivemos, onde se propaga a ideia generalizada, em muitas mídias, de que todos os peixes do rio tapajós e amazonas estão contaminados em função de atividades garimpeiras ilegais. É claro que a pesquisa se concentrou em locais específicos e refletiu o cenário de um tempo específico (2022), havendo necessidade de continuidade para acompanhar os níveis de mercúrio, assim como de pesquisas em cada região. No entanto, para a comunidade do PAE Tapará que comercializa o pescado, assim como para os consumidores que adquirem esse peixe, o resultado é satisfatório e garante uma alimentação com segurança em relação à ingestão de mercúrio.
Na ocasião de socialização dos resultados, realizada na Comunidade do Pixuna no dia 24/03/2023, o pesquisador Ricardo Oliveira, em sua apresentação, relatou que é seguro que cada indivíduo com 60 kg consuma, semanalmente, até 500g de pirarucu.
Isso é importante porque também revela que não se trata apenas de ter ou não mercúrio, e sim, da quantidade necessária para causar problemas à saúde. A pesquisa mostra, para além dos resultados quantitativos, a importância da produção do conhecimento qualificado, do papel da integração da Universidade com a sociedade e a importância de financiamento para que essas ações se desenvolvam, afinal, foram necessárias reuniões com os membros da comunidade, visitas/viagens, treinamentos e equipamentos específicos. Espera-se que seja possível a continuidade da pesquisa.
Com informações da Ascom/Ufopa
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