Presidente Lula toma banho no Rio mais lindo do mundo.
A beleza do Rio Tapajós faz a gente pensar na importância de cuidar de locais tão especiais e únicos.
Falando de trabalhador para trabalhador: a vinda de Lula a Santarém (PA) traz muitos desafios e oportunidades. Vindo para descansar em Alter do Chão, Lula certamente tomara banho nas águas do Tapajós, em um lugar de onde se pode apreciar o que há muito sabemos ser o rio mais belo do mundo.
Como engenheiro florestal, pude fazer um doutorado sanduíche na Universidade de Granada, Espanha, onde realizei um trabalho analisando a paisagem de alguns rios do mundo. Ao apresentar o trabalho em Málaga, a conclusão foi unânime: o Tapajós é o mais bonito.
Para quem está em Alter, muitas praias se descortinam. Para quem está no Carapanari, que já é um escândalo, poderá contemplar ou imaginar estar em locais paradisíacos, como a praia do Pajuçara, Arariá, Maria José, Salvação, lago do Juá e Mapiri.
Muito embora já termos perdidos algumas praias que nos são caras como a Vera Paz, Maracanã, Lorena, Coroa de Areia e Uirapuru, lutamos para que o lago do Tapari, Ponta de Pedras, Ponta do Cururu e as Praias de Alter como a Ilha do Amor, Lago Verde, Floresta Encantada e tantas outras de Belterra como Pindobal, Aramanaí, Cajutuba, Santa Cruz sejam preservadas e respeitadas.
Até à Flona do Tapajós, muitas pontas afloram. Lá estão preservadas pela persistência e amor dos caboclos e caboclas ribeirinhas, que aliados aos indígenas, lutaram contra o regime militar e se mantiveram, preservando o rio, a florestas e o ecossistema que possui mais de 530.000 hectares de verde tropical.
Do outro lado do rio, na margem esquerda, temos a Resex Tapajós Arapiuns, com mais de 640.000 hectares com destaques às populações extrativistas que vivem um mundo de encantos.
Na ponta da resex, temos comunidades como Urucureá e o fantástico canal do Jari, que se transformou numa das melhores atrações, sendo um verdadeiro parque natural onde se pode observar e degustar as fantásticas vitórias régias, numa variedade de cores e sabores com toda a magia de preguiças, macacos e muitos pássaros.
Quem ainda acha que acabou, vai ter delírios ao adentrar no rio Arapiuns, conhecer a Anã, a Coroca e a fantástica Ponta Grande. Um verdadeiro paraíso, onde muitos trabalhadores e trabalhadoras usam suas mãos para produzir seus sustentos com muita sabedoria.
Aqui no Tapajós, a floresta nacional se destaca como uma das unidades de conservação mais pesquisada do Brasil, com quase 400 trabalhos científicos disponíveis no site do ICMBio. A Ufopa, onde atuo ensinando jovens de vários cursos como funciona a bioma Amazônia, é hoje a universidade que mais contribui com essas pesquisas, muitas delas de ponta, como as feitas em parceria com o INPE e Nasa no projeto LBA.
Através de parceria com o Serviço Florestal Brasileiro e a Rede Brasileira de Florestas Modelos, estamos buscando implementar nos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro, a Floresta Modelo Amazonas Tapajós, numa área de mais de 4.000.000 de hectares.
Esse conceito de ordenamento territorial baseado em princípios de manejo de paisagem, sendo uma plataforma social de resolução de conflitos, está presente em 35 países e em todos da América Latina.
Com sede em Turrialba, na Costa Rica, a Rede Latino Americana de Bosques Modelos tem desenvolvido modelos inovadores e participativos, sendo que as populações participam na gestão eficaz e eficiente de recursos e ajudam a combater incêndios florestais e a gerir estados e municípios inteiros, sendo as universidades co-gestoras e processos de co-criação que tem estabelecido cooperativas de manejo florestal comunitário, como a Acofop na região do Peten, uma área de floresta remanescente de 2.000.000 hectares, onde quase 70.000 pessoas vivem cooperados e ajudam o governo a proteger esta área em país que foi devastado por guerras civis.
Assim de trabalhador para trabalhador, busco esta reflexão na esperança de realmente e honestamente enfrentarmos nos nossos municípios a insanidade do modelo devastador e que ameaça de morte a cada dia, a vida de nossos rios, de nossas florestas, de nossos lagos, ecossistemas e de nossas próprias vidas.
Trabalhamos e muito, além da conta, todos os dias pela boa formação de nossos alunos, fazendo pesquisas, extensão, ensinando e aprendendo com muitos jovens, o sonho de suas vidas que sei ser terem uma postura crítica, uma memória de respeito à ancestralidade e principalmente aprenderem as técnicas metodológicas de manejo integrativo com a cultura e respeito à diversidade que nossos povos originais fazem à milênios.
De trabalhador para trabalhador, digo que é preciso estabelecer as políticas que invertam esta lógica que privilegia os grandes e massacra os pequenos produtores.
Como trabalhador, sei que minha possibilidade é mínima, mas sei que como trabalhador e unido com o povo, nossa força e coragem será definitiva para traçarmos uma nova economia transformadora, com uma gestão inclusiva, de apoio a produção familiar, formando capacidades, juntando histórias, dialogando ideais e utopias para colocar em prática as bases para uma ressignificação da vida, com o sorriso do homem, da mulher e da natureza.
Assim, o Brasil dará ao mundo um banho de civilidade dentro da nossa mãe ancestral, sendo o Lula o maior porta-voz do nosso Tapajós. Ajude-nos a protegê-lo.
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Jackson Fernando Rêgo Matos
É professor da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) em Santarém. Tem doutorado em Políticas Públicas pela UNB (Universidade de Brasília). É também membro do IHGTap (Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós).
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