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Alacid Nunes/Arquivo Pessoal
Por Oti Santos – Possui graduação em Comunicação Social pelo Instituto Esperança de Ensino Superior de Santarém(2009), graduação em Curso de Direito pela Universidade da Amazônia(1993) e especialização em Comunicação Social e Jornalismo pelo Instituto Esperança de Ensino Superior(2002).
Há exatos 57 anos (20.09.1968), no final da manhã de uma sexta-feira, algumas centenas de santarenos (da cidade e do interior do município), interessados em participar da festa alusiva ao ato de reintegração de posse do prefeito Elias Pinto, do MDB, programado para às 9hs, se juntaram em frente ao Hotel Uirapuru, de onde partiu, com certo atraso, a caminhada pacífica rumo a sede da prefeitura.
Pouco depois do horário marcado, respaldada pelo mandado de reintegração expedido pelo juiz da Comarca do município de Óbidos, Manoel de Christo Alves Filho (a Comarca local estava temporariamente sem titular), a passeata partiu. Contando em sua linha de frente com o próprio Elias Pinto; além do brigadeiro e deputado federal Haroldo Veloso; do deputado estadual Santino Sirotheau Correa; dos vereadores Ronan Liberal e Clementino Lima; de Ronaldo Campos, ex-secretário da gestão Elias Pinto e diversas lideranças comunitárias; assim como do publicitário Walmir Almeida que, como guarda de hora da bandeira nacional, ajudava a organizar a caminhada com o uso de um megafone. Ainda vi, por ocasião da largada, o pastor Ubirajara da Silva e o empresário Manoel Moraes, dentre outros.
Elias Pinto/Arquivo Pessoal
Pouco mais de um quarteirão à frente, quando os caminhantes ainda planejavam alcançar o calçadão da Praça Barão de Santarém, o movimento era interceptado por conta dos primeiros tiros desferidos pelos policiais militares, que cercavam o prédio da prefeitura. Integrantes da força policial, com cerca de 150 homens, que havia desembarcado em Santarém sob o comando do Tenente Lauro Viana, para impedir a realização daquele ato, independentemente de ser ou não pacífico, conforme a determinação do então governador Alacid Nunes.
Ao tentar avançar com a passeata, mediante o apelo de algumas lideranças do movimento, o Brigadeiro Haroldo Veloso foi alvejado na coxa direita e caiu, assim como outros seguidores ao seu redor, e, sob pânico, gritos e correria, a caravana foi dispersada. Permanecendo caídos e inertes, mortos no local: Rui Soares Pinto, com a bandeira do Brasil e o megafone; Alírio Castro Filho (Banana) e Antônio Alves de Souza (Cujubinha).
Enquanto Elias Pinto era conduzido para refugiar-se na Casa de Saúde São Sebastião; o Brigadeiro Veloso, caído e ferido à bala, ainda levou uma estocada de sabre na virilha da perna lesionada, desferida por um policial militar. Para, em seguida, ser recolhido pelo comandante do ato covarde, Tenente Lauro Viana, que se fazia acompanhar pelo então delegado de polícia da cidade, Maurício Castanho, e encaminhado ao hospital da FSESP.
Os outros feridos à bala, também levados ao hospital foram os senhores Antônio Hamilton Bentes, político do MDB de Belém; e Herculano Costa (Brechó), mecânico santareno e militante da oposição ao governo.
PS: Ainda menino, aos 14 anos, levado pelo meu pai (“cabo eleitoral” do prefeito “Barra Limpa”, em Belterra) participei da manifestação que visava festivamente reintegrar o prefeito afastado e, ainda, lembro das circunstâncias desse fato e do seu sangrento desfecho. Aliás, esse deplorável episódio, que me fez sentir excitação e hesitação ao longo daquela manhã de setembro, também me deixou assustado por um bom tempo.
Ainda bem, que sobre a tragédia em si, nada vi. Nossa aventura começou pela viagem ao amanhecer, que para encurtar distância, o “Seu Dadá” (Osmar Ribeiro da Silva), proprietário do “Jeep 4 portas” alugado por meu pai e os amigos “Mundico” e “Matias”, decidiu realizar a viagem por um precário caminho sob a floresta, não recomendável ao tráfego de carros, conhecido como o ramal do Jatobá. Contudo, apesar dos riscos e dos incômodos que enfrentamos, tal aventura era compensada pelo clima de euforia pelo qual estávamos tomados, dispostos a compartilhar da festa que a passeata representava para os amigos e simpatizantes de Elias Pinto.
Após a chegada na cidade, deixamos o carro às proximidades dos Bar Mascote e partimos para o Uirapuru Hotel, local de sua largada. Onde, testemunhei os cumprimentos ao meu pai e aos parceiros de viagem por parte dos políticos organizadores daquele evento, sem precedentes (Elias Pinto; Haroldo Veloso; Santino Sirotheau; Ronan Liberal; Clementino Lima; Hamilton Bentes; Ronaldo Campos e outros).
Quase anônimos naquele meio, nós, belterrenses, por opção do grupo, preferimos nos inserir na considerada “rabeira” da passeata. Assim, cerca de uns 150 metros após a largada, tão logo percebemos a abrupta paralização do cortejo e, em seguida os estampidos provocados pelos tiros, seguidos pela dispersão sob grande alarido. Também em pânico, nos evadimos do local correndo pela praia, em direção ao carro para o imediato retorno a Belterra.
Ainda sobre o meu saudoso pai (Antônio de Oliveira Santos), recordo que dois anos antes desse fato, em 1966, de tanto propagandear a candidatura de Elias Pinto para prefeito, recebeu e não reclamou do apelido “Barra Limpa”.
∴ É Jornalista (Fonte: Arquivo Pessoal).
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