Show em que Zezé pediu anistia custou 65% da receita do turismo em Porto Belo
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Show em que Zezé pediu anistia custou 65% da receita do turismo em Porto Belo

Evento contratado pela Fundação de Turismo integra o Festival do Camarão, uma das principais atrações do calendário da cidade

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Portal 92amz (92)981517280/Por Amanda Miranda Colunistas ICL

O polêmico show de Zezé di Camargo e Luciano em Porto Belo, no qual um dos filhos de Francisco ergueu uma camiseta pedindo anistia aos golpistas de 8 de janeiro, custou R$ 450 mil aos cofres da cidade do litoral Norte de Santa Catarina, um dos destinos mais concorridos da temporada de verão no Estado. O valor representa mais da metade dos R$ 700 mil de receita própria da Fundação de Turismo e Desenvolvimento Econômico do município, responsável pelo contrato.

Os demais repasses que compõem o orçamento do turismo municipal são as transferências financeiras, que contabilizam um orçamento total de R$ 5,7 milhões para uma área estratégica da economia local. O evento em que Zezé manifestou o desejo de ver militantes que quebraram Brasília perdoados pela justiça abocanhou quase 8% do bolo.

O contrato entre a Fundação Municipal de Turismo e a empresa Live Talentos, Agenciamento, Produção e Publicidade foi assinado em julho deste ano e previa um show de 110 minutos, com valor pago integralmente até cinco dias após a apresentação, realizada no último dia 13 de outubro. As despesas estão vinculadas ao órgão como atividade de apoio, realização e captação de eventos geradores de fluxo turístico.

Além do cachê, a prefeitura também arcou com os custos de transporte, hospedagem e camarim dos artistas e da equipe, além da contratação de 12 carregadores. O show foi realizado como parte do Festival do Camarão, que termina neste domingo, 19 de outubro.

Aplausos da militância bolsonarista

Zezé di Camargo foi aclamado pela militância bolsonarista, conhecida por criticar e desinformar sobre o financiamento público de atividades culturais. O cachê foi o mais alto dentre os artistas da programação, composta em sua maioria por sertanejos. Gustavo Mioto recebeu R$ 380 mil e Michel Teló, R$ 360 mil. Nenhum deles passou por licitação, conforme previsto na legislação para contratação de artistas consagrados.

Na repercussão do show, Zezé foi exaltado por militantes da extrema-direita por “não depender da Lei Rouanet”. Na verdade, a Lei Rouanet é um instrumento que estimula empresas a investirem em ações culturais em troca de abatimento de imposto. O show realizado em Porto Belo, no entanto, foi integralmente bancado com recursos públicos do orçamento municipal.

A empresa que representa a dupla ainda não recebeu, segundo o Portal da Transparência. Assim que o repasse for feito, no entanto, estará entre as principais fornecedoras da prefeitura neste ano. Em volume de recursos, a dupla fica atrás apenas de contratos de assistência ambulatorial e hospitalar, pavimentação, saneamento e fornecimento de uniforme escolar.

A prefeitura de Porto Belo foi procurada para esclarecer como se deu a escolha da dupla para o Festival e como ficará a execução do orçamento do Turismo até o fim do ano, mas respondeu apenas nesta sexta-feira (17), após a publicação da reportagem.

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Contraponto

A Fundação de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Porto Belo disse que o valor citado na reportagem refere-se ao orçamento da arrecadação do Píer Turístico, receita própria para investimentos de gestão e manutenção da estrutura portuária. Por meio da assessoria, também informou que o Festival do Camarão é realizado com recursos próprios e não interfere nos investimentos, nem compromete o planejamento da pasta para a temporada.

Segundo a nota, a escolha da dupla Zezé Di Camargo & Luciano ocorreu “em razão da relevância nacional dos artistas e por se tratar de uma data simbólica para o município, buscando fortalecer a projeção turística e cultural do evento”.

A nota também registra que a fundação “não tem controle sobre os presentes entregues aos artistas, tampouco sobre manifestações pessoais ocorridas no palco”. Além disso, reforça que os posicionamentos não refletem a opinião do município nem da organização do evento.

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