Instituto Aldeia e Líderes comunitários estão mobilizados para revitalizar o VEC, tradicional Clube de Santarém

O Veterano foi fundado em 1959 por moradores aldeianos e faz parte da história de Santarém

Por: José Maria Piteira / 92amz.com.br

Fotografo:  Reprodução

 Esse é o desafio maior da atual diretoria do clube, liderada por Juarez Sousa, e do Instituto Aldeia, que abraçou a causa

O Veterano Esporte Clube (VEC), um dos mais tradicionais clubes esportivos de Santarém, no oeste do Pará, luta para revitalizar sua sede, sua história e preservar uma memória ainda presente na vida dos moradores do bairro da Aldeia, da cidade e do futebol santareno. 

Esse é o desafio maior da atual diretoria do clube, liderada por Juarez Sousa, e do Instituto Aldeia, que abraçou a causa. O instituto, coordenado por Carlos Pedroso, é uma organização não governamental que luta pela garantia de direitos dos moradores do bairro e pelo resgate e preservação da história local. 

Principalmente nos anos 1960, 1970 e 1980, a sede do VEC era um dos locais mais procurados pela velha guarda do grande bairro, mas também pela juventude, que frequentava seus tradicionais bailes dançantes. 

Às sextas, predominavam as saudosas serestas, que atraíam a velha guarda para bailes charmosos, com casais em passos de dança que os jovens admiravam, mas não curtiam.  

“Era admirável ver os casais deslizando pela pista de madeira muito bem cuidada, em passos de dança que apenas alguns dominavam com a destreza necessária”, afirmou Anésio Oliveira, morador próximo à sede do VEC. Nesta modalidade, apenas o “Miguel do Jaraqui”, outra famosa casa de seresta, rivalizava com o VEC. Aos sábados e domingos, a juventude era presente nos animados bailes, inclusive manhãs alegres que o clube promovia para atrair os frequentadores da “Coroa de Areia”, ou da “Vera Paz”, excelentes locais de banhos no rio Tapajós, que hoje não mais existem – engolidos pelo “progresso”. Mas não apenas isso: a sede do VEC foi palco de muitas celebrações de aniversário, casamentos, de bodas diversas. E eram eventos charmosos, elegantes, e os organizadores e promotores cuidavam para que assim fossem.  

Esse era o Veterano Esporte Clube (VEC), o clube social e esportivo mais famoso do bairro da Aldeia – um tempo quando a “Pérola do Tapajós” se dividia em apenas dois grandes bairros: Aldeia e Prainha. Mas toda essa história começou pelo futebol. 

O INÍCIO – O VEC foi fundado em 1959 por moradores aldeianos que sentiram a necessidade de ter um clube esportivo pra “chamar de seu”, estimulando a prática do futebol, agregando as famílias do bairro e incentivando a juventude local à prática dos esportes. 

Entre os pioneiros, Elpídio Moura, Waldomiro Pinto, Domingos Sousa, Alberto Castro, João Gonçalves, Domingos Olegário, Roque Goes, Edgar Vieira, Raimundo dos Santos, Francisco Moreira da Silva, Gerson Marinho e Dídimo de Sousa, que foram os fundadores. E eles tinham pressa. 

Logo após a fundação do clube, eles cuidaram de formar o primeiro time, vieram os primeiros treinos e jogos, e não demorou para que o VEC se tornasse a principal agremiação de futebol do bairro e um dos grandes de Santarém. No bairro, o “Canarinho da Aldeia” teve grandes adversários, como Rener, Vasco, Magarefe, Bonsucesso e São Raimundo, em jogos memoráveis no campo localizado onde hoje está o Mercadão 2000. Não demorou muito e o VEC já estava entre as melhores equipes de Santarém, disputando o campeonato de futebol municipal. 

CLUBE SOCIAL – A pressa dos fundadores do VEC também se estendeu ao lado social do clube: no ano seguinte à fundação do clube, eles iniciaram a construção da sede. A sede ganhou destaque também por sua localização, construída no alto de um pequeno morro, toda em madeira, no cruzamento da Rua Vinte e Quatro de Outubro com a Travessa Felisbelo Sussuarana, no coração da Aldeia. O primeiro presidente foi o empresário Elpídio Moura. 

Mas, a partir dos anos 1980, com a eleição de sucessivas diretorias, os cuidados com o clube foram neglicenciados: impostos não foram recolhidos ao Erário e sua documentação deixou de ser atualizada junto aos órgãos públicos. A atual diretoria, ao assumiu o clube, deparou-se com um fato aterrador: a prefeitura de Santarém havia aberto processo de leilão da tradicional sede por não pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (Iptu). 

O primeiro desafio foi sustar o leilão e quitar a dívida, o que foi efetivado em maio a enorme esforço da diretoria e apoio de moradores e empresários locais. A negociação junto à Receita Federal para regularizar a papelada do clube e as pendências financeiras seguem. Hoje, o maior desafio é a revitalização da sede de inestimável memória.  

Há seis anos, uma parte da sede foi afetada pela queda de parte do terreno junto à rua Vinte e Quatro de Outubro, mas o dano foi corrigido apenas parcialmente. Hoje, as ameaças à sede estão principalmente no interior do prédio: o piso do salão de danças e outras dependências estão danificados, os elementos decorativos internos e a pintura geral do prédio, desbotados.  

REVITALIZAÇÃO – “A nossa sede está feia, com aspecto de abandonada. Isso agride a nossa memória, fere a autoestima dos moradores. Estamos trabalhando para mudar essa realidade triste de hoje”, disse o presidente Juarez Sousa. 

Para isso, a diretoria e o Instituto Aldeia estão promovendo intensa mobilização junto aos moradores, empresários do bairro e vão ao poder público em busca de apoio para alcançar os objetivos atuais do clube. 

“O Veterano não precisa apenas de recursos financeiros, mas de parcerias que nos permitam efetivar a revitalização física do prédio e colocá-lo à disposição do bairro e da cidade de Santarém, como um centro de eventos culturais, por exemplo”, disse Carlos Pedroso, coordenador do Instituto Aldeia.  

Para isso, a diretoria do VEC e a coordenação do Aldeia vão realizar eventos diversos de arrecadação financeira, inclusive na Internet, e procurar empresários e os governos municipal, estadual e federal. 

“O Veterano faz parte da história de Santarém, é memória do nosso povo e importante elemento para a nossa autoestima”, concluiu o presidente Juarez Sousa. 

OBS: Para quem quiser ajudar na campanha do VEC: Juarez Sousa (93 9149-5938) e Carlos Pedroso (93 99158-1157). 

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