
França quer fazer presídio de segurança máxima na Amazônia
O governo da França anunciou no último sábado, 17, a construção de uma nova prisão de segurança máxima em uma área isolada da floresta amazônica. Projeto remete à infame Ilha do Diabo

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Por Luiz Reis/Portal 92amz/Estadão Conteúdo
Luiz Reis @luizreis653/ (92)98151-7280

A França reacendeu memórias de um passado sombrio ao anunciar planos para construir uma ala de segurança máxima em uma nova prisão na Amazônia, no território ultramarino da Guiana Francesa.
O presídio deve abrigar traficantes de drogas e radicais islâmicos, incluindo 15 detentos considerados jihadistas, provocando forte reação de autoridades locais e da população.
O projeto, orçado em US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), é parte de uma unidade prisional anunciada em 2017 e prevista para ser concluída até 2028, com capacidade total de 500 presos. A prisão será construída em Saint-Laurent-du-Maroni, cidade fronteiriça com o Suriname, próxima à notória Ilha do Diabo — antiga colônia penal usada pela França entre os séculos XIX e XX.

Durante uma visita oficial à Guiana Francesa no sábado, o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, confirmou que a prisão terá uma ala de segurança máxima.
Segundo ele, o objetivo é impedir que presos ligados ao tráfico de drogas mantenham contato com suas redes criminosas. “Estamos vendo cada vez mais redes de tráfico de drogas. Precisamos reagir”, declarou Darmanin.
A mídia francesa também informou que detentos oriundos da Guiana Francesa e dos territórios do Caribe francês terão prioridade para vagas na nova unidade.
Passado revive tensões coloniais
O anúncio, no entanto, foi recebido com indignação por líderes locais, que alegam não ter sido informados previamente sobre a inclusão da ala de segurança máxima no projeto original.
Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana Francesa — assembleia que representa a região — classificou a notícia como um “espanto” e um “desrespeito” às autoridades locais.
“É com indignação que os membros eleitos da Coletividade descobriram, juntamente com toda a população da Guiana, as informações detalhadas no Le Journal du Dimanche”, disse em nota publicada nas redes sociais.
Fereira lembrou que o acordo firmado em 2017 previa a construção de uma nova prisão para aliviar a superlotação nas unidades existentes, mas sem qualquer menção a uma ala de alta segurança para presos vindos da França continental.

“A Guiana não foi feita para acolher criminosos e pessoas radicalizadas”, afirmou.
A crítica foi reforçada por Jean-Victor Castor, parlamentar da Guiana Francesa, que enviou uma carta diretamente ao primeiro-ministro francês pedindo a retirada do projeto. Ele qualificou o plano como um “insulto à nossa história, uma provocação política e uma regressão colonial”.
Símbolos históricos ainda vivos
A proposta remete a um capítulo sombrio da história francesa. Saint-Laurent-du-Maroni já foi um centro de deportação penal na era de Napoleão III. Dali, presos eram enviados à Ilha do Diabo — entre eles o capitão do Exército Alfred Dreyfus, injustamente condenado por espionagem no caso que dividiu a França no final do século XIX.
A Ilha do Diabo ficou eternizada no romance autobiográfico Papillon, de Henri Charrière, que virou filme em 1973 e teve um remake em 2017. Agora, o temor é que a Guiana volte a ser associada internacionalmente à imagem de desterro e punição.
Procurado, o Ministério da Justiça da França ainda não se manifestou sobre as críticas.

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