Santarém-Servidora recusa suborno de meio milhão
Poliana é assessora do juiz Gabriel Veloso de Araújo, responsável pelo processo de Dionar Cunha
92amz/Com informações do Portal OESTADONET
92amz/Santarém– Meio milhão de reais. Esse foi o valor que a servidora Poliana Dyara Gomes Rocha Aguiar, assessora da 3ª Vara Criminal da Comarca de Santarém, no oeste do Pará, recusou para elaborar parecer com o objetico de revogar medidas cautelares em favor de Dionar Nunes Cunha Júnior, um dos envolvidos na morte do casal Iran Parente e Josielen Preza, mortos em fevereiro de 2020. Mais que isso, a servidora denunciou a tentativa de suborno à Justiça. As ofertas foram feitas pelo também assessor Henrique Braga Farias e ocorreu em novembro do ano passado. O suspeito da tentativa de suborno atua no Juizado Especial dos Direitos do Consumidor. O caso foi revelado com exclusividade pelo Portal OESTADONET nesta sexta-feira (17).
Poliana é assessora do juiz Gabriel Veloso de Araújo, responsável pelo processo de Dionar Cunha. Ela foi nomeada para a função em dezembro de 202. Servidores do fórum, ouvidos pela reportagem, descrevem Poliana como sendo evangélica, discreta, mãe de um casal de filhos. Ela é casada com um policial militar.
As tentativas de suborno não deram certo. O juiz manteve a sentença de pronúncia ao tribunal do juri, não revogou à época, as medidas cautelares, e mais recentemente, restabeleceu a prisão preventiva de Dionar.
Segundo o Ministério Público, Henrique [foto acima] relatou à colega servidora “que tinha um amigo que tem uma casa em Alter do chão, e este amigo, por sua vez, tinha um amigo que é rico em Santarém e que teria um processo na 3ª Vara Criminal na Comarca de Santarém”, sendo este identificado pelo assessor como sendo Dionar Cunha.
Juiz Alexandre Rizzi autoriza busca e apreensão em casa de assessor da Comarca de Santarém
O escândalo veio à tona após a 9ª Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Ações Constitucionais, Defesa da Probidade Administrativa e Fazenda Pública de Santarém solicitar à Justiça a busca e apreensão contra Henrique Braga de Farias, que é assessor do Juizado Especial do Consumidor de Santarém. O juiz da 1ª Vara Criminal acatou o pedido do MP e na última quinta-feira (16), foram cumpridos mandados contra o suspeito, na residência dele, no bairro Maracanã.
A polícia apreendeu aparelhos celulares e documentos, computadores, além de outros pertencentes a Henrique Braga, denunciado pelo crime de corrupção ativa. Outras pessoas também estão sendo investigadas ligadas à suposta ação criminosa.
Conforme apurou o Portal OESTADONET, a servidora Poliana Dyara foi procurada por Henrique Braga no dia 10 de novembro de 2022, com uma proposta de vantagem em dinheiro ofertada por um amigo de Dionar para que atuasse para revogar, à época, as medidas cautelares contra o suspeito de ser mandante da morte do casal Iran Parente e Josielen Preza.
Por volta das 19h33 daquele dia, Poliana recebeu uma mensagem de Henrique, informando que estava chegando na sua casa para conversarem e por volta das 19:42 horas, ele chegou sozinho na residência. Poliana estava com o marido nesse dia. O marido de Poliana saiu do local e Henrique ficou sozinho com ela e falou: “Amiga, não por onde começar”.
Ele continuou a conversa relatando que um amigo seu que é dono de uma casa em Alter do Chão, tinha um amigo rico em Santarém e queria que ela olhasse o processo que tramita na 3ª Vara Criminal contra Dionar Nunes Cunha.
Inicialmente, Henrique falou que o amigo pagaria R$ 200 mil pela impronúncia de Dionar e mais R$ 10 mil para retirar as medidas cautelares. Ambas as ofertas foram recusadas pela servidora.
“Eu falei pra eles que era certeza que você não iria aceitar”, completando que esse amigo que é amigo do Dionar estaria há mais de 30 dias pressionando o representado a levar a proposta para Poliana.
30 minutos depois de ter deixado a casa de Poliana, Henrique mandou uma nova mensagem para o celular dela, isso por volta das 21hrs54 min. A mensagem dizia que o amigo rico de Dionar aumentou a proposta para 500.000,00, o que foi recusado novamente por Poliana.
Todas as conversas foram extraídas do celular de Poliana, conforme consta nos autos. Os fatos foram relatados no âmbito da Polícia Civil sob o nº 00496/2022.100004-0, bem como registrados no Relatório Técnico nº 051/2022-NIP/NAI/BMA, juntado aos autos, assim como pelos informes testemunhais já colhidos.
Segundo o juiz Alexandre Rizzi, titular da 1ª Vara Criminal, que autorizou o cumprimento de mandados judiciais contra Henrique Braga, ‘a modalidade criminosa sob investigação acarreta danos gravíssimos ao seio social, tem consequências funestas à população bem como a sociedade como um todo’.
Na última quinta-feira (16), Dionar Cunha teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Gabriel Araújo, titular da 3ª Vara Criminal de Santarém, justamente por quebrar as medidas cautelares impostas como condicionantes para a sua liberdade provisória. Ele respondia em liberdade ao crime pelo qual é acusado.
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