Onde fica a foz do Amazonas e qual sua importância ambiental?
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Onde fica a foz do Amazonas e qual sua importância ambiental?

A cada segundo, o rio Amazonas despeja milhões de litros de água doce no mar através de sua foz. A parte final desse imenso curso de água cria habitats únicos no Oceano Atlântico.

Redação do 92amz/Com Informações da National Geographic Brasil

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Foz do rio Amazonas na altura da ilha de Marajó, no Pará, onde a pluma das águas do Amazonas, em marrom e amarelo, entram 200 km no Oceano.
FOTO DE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA INPE

A foz do rio Amazonas, um emaranhado de braços d’água doce que despeja milhões de litros de água no Oceano Atlântico, marca o fim do caminho de quase sete mil quilômetros do rio considerado o mais extenso do mundo. 

Segundo delimitado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), instituto federal brasileiro dedicado à pesquisa e exploração espacial, a foz do rio Amazonas deságua entre as ilhas do arquipélago do Marajó, no estado do Pará. 

Por segundo, cerca de 300 milhões de litros de água doce avançam para o Oceano Atlântico – quase 20% de tudo que os rios do mundo levam para os mares – influenciando, assim, os ecossistemas aquáticos existentes mesmo a longas distâncias da foz. 

A foz do Amazonas ajuda no sequestro de carbono da atmosfera 

O rio Amazonas carrega milhões de toneladas de sedimentos e nutrientes, colhidos durante sua trajetória, que começa nas Cordilheiras dos Andes, no Peru, onde nasce. 

Por essa característica, a água do Amazonas não se dilui imediatamente ao chegar ao oceano, explica o INPE. Em vez disso, a combinação forma uma extensa pluma de água barrenta que chega a quase 30 metros de profundidade e avança quase 200 km mar adentro. 

Empurrada por ventos e correntes marinhas, a pluma pode ir até 2 mil e 300 km em direção ao litoral, em direção às Guianas. 

Segundo o INPE, essa pluma exerce forte influência no aporte de nutrientes para os ecossistemas marinhos na região. Com isso, desenvolve-se um habitat propício para o aumento da atividade biológica de microorganismos, como algas, por exemplo, que contribuem para o sequestro de carbono. 

Essa influência, diz o INPE, abrange mais de um milhão de quilômetros quadrados de oceano tropical. 

A foz do Amazonas influencia no surgimento de novas espécies de fauna e flora

O grande aporte de água despejado pelo Amazonas também tem impacto nos processos evolutivos de espécies do Atlântico. De acordo com um estudo publicado na revista científica Journal of Biogeography,  na edição de agosto de 2022, a pluma gerada pelo rio forma uma barreira fluida e porosa que separa várias espécies de organismos marinhos encontradas no Caribe daquelas que vivem ao sul da foz do Amazonas. 

De acordo com a pesquisa, divulgada pela Agência Fapesp, instituição pública de fomento à pesquisa acadêmica ligada ao governo de São Paulo, nos últimos 2,4 milhões de anos, cerca de 60 espécies de peixes surgiram por influência da pluma, que dividiu populações únicas de uma mesma espécie. 

É o caso, por exemplo, de uma dupla de peixes da mesma família e que contam com um ancestral em comum , o budião-arco-íris (Scarus guacamaia) e o budião-azul (Scarus trispinosus). O estudo indica que, uma vez separados pela pluma, eles sofreram processos de especiação distintos. O primeiro resultou em um peixe caribenho de pouco mais de um metro de comprimento e corpo esverdeado, enquanto o segundo, encontrado na costa brasileira, tem uma coloração uniforme e cerca de 90 centímetros, afirma a divulgação da Agência Fapesp.

A foz do Amazonas abriga um enorme recife de corais

Na ponta final do Amazonas, a pluma de sedimentos e a quantidade colossal de água doce se misturando constantemente com a água salgada formando uma fauna própria, distinta da de outras regiões do oceano. É neste local, por exemplo, que está situado um recife de corais que ocupa quase 10 mil quilômetros quadrados da costa.

Um estudo brasileiro publicado em 2016 na revista Science Advances e divulgado pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), descreve a descoberta de um novo bioma de recife formado por esponjas e algas calcárias a 200 quilômetros da foz do Amazonas. Estima-se que ele se estende por, no mínimo, 900 km da costa, entre o Maranhão e a Guiana Francesa.

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Segundo os cientistas explicam no documento, os milhões de litros de água barrenta que o Amazonas despeja no Atlântico contribuem para que o recife não seja homogêneo. Ele é marcado por trechos de algas calcárias, corais pretos ou vermelhos, campos de esponjas naturais, areais cobertos por algas verdes e estruturas calcárias que podem chegar a 20 m de altura. 

Além disso, estima-se que o bioma seja repleto de espécies endêmicas, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência, o que potencializa a importância ecológica do recife. 

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